segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O mais legal do folclore

As crianças sempre me perguntam por que eu resolvi escrever sobre folclore. A resposta é simples: quando criança, eu me encantava com o mistério dos mitos (a parte do folclore que acho mais legal, daí o nome do meu primeiro livro), mas ficava frustrada em ver apenas textos falando do Saci, do Lobisomem, da Mula, do Caipora e do Boitatá. Eu já tinha ouvido falar que havia outros personagens, mas não encontrava isso nos livros. Então, ao escrever meu primeiro livro, fui fundo nessa busca, e encontrei mais de cem personagens diferentes! Cada um dos meus três livros sobre mitos brasileiros tem 14 personagens, o que totaliza 42. Eu não usei todos os personagens por algumas razões: alguns eram muito violentos, outros eram muito parecidos entre si, e eu também pretendia manter a fórmula de história-mistério com suspeitos, então não valeria a pena abrir demais o número de personagens.

O que acho interessante nisso tudo é que o folclore sempre traz novidades e curiosidades. Da minha infância até poucos anos atrás, folclore no Brasil era tido muito como algo brega e sem valor. Já após as ondas de discussão sobre globalização, em que as culturas regionais no mundo todo passaram a ser valorizadas em oposição às padronizações decorrentes da comunicação via internet, o Brasil também redescobriu seu valor, felizmente, e hoje o folclore tem estado muito presente em diversas manifestações artísticas, incluindo artes plásticas e música, nos livros, que aumentaram violentamente o volume de histórias com o tema, e até em áreas como a moda, pois em quase toda temporada há algum desfile baseado em cultura regional brasileira. O ápice disso para mim foi a belíssima exposição feita pelo Ronaldo Fraga, sobre o rio São Francisco, que lembrou personagens exóticos também presentes nos meus livros, como o Negro D'Água, a Pisadeira e a Mãe D'Água.

Agosto é o mês em que comemoramos o folclore, e as escolas costumam trabalhar de maneira mais expressiva sobre o tema, mas minha sugestão é que esses estudos e brincadeiras não se restrinjam apenas a essa data, porque nosso país é um dos mais ricos em folclore, e a arte popular é deliciosa, digna de alegrar nosso dia a dia sempre.

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