terça-feira, 23 de agosto de 2011

Como escrever um livro?

Escrevo este novo texto como jornalista, como editora, como educadora, mas, acima de tudo, como leitora.
As pessoas me perguntam o que precisam fazer para escrever um livro infantil. Às vezes isso soa meio estranho, porque muitas delas não querem escrever um livro; querem publicar um livro. São coisas bem diferentes: quem quer escrever tem uma mensagem para transmitir ou um desabafo a fazer, e a publicação é consequência; quem quer publicar quer apenas ver seu nome em destaque, sentir-se importante. Não que a primeira exclua a segunda, mas o contrário costuma ser um tanto vazio...

Mas, para aqueles que têm muita vontade de ter um livro para chamar de seu, o único conselho que considero fundamental é: seja original. Não adianta escrever história de passarinho que foi atingido com estilingue porque isso é a primeira coisa em que todo mundo pensa. É o óbvio do óbvio, e está superdesatualizado. Quer muito falar do estilingue? Então invente um passarinho mágico e uma aventura que leve o menino malvado para um reino distante. Mesmo assim, vá por mim: dá para fazer isso sem passarinho nem estilingue, e bem melhor.

Estudos científicos comprovam que momentos de relaxamento propiciam mais criatividade no cérebro. É por isso que boas ideias frequentemente surgem na hora de dormir ou acordar ou no banho. Eu costumo ter também muitas ideias no trânsito. Na minha casa toda há bloquinhos e canetas espalhados, e na minha bolsa a cadernetinha é presença garantida. Algumas pessoas conseguem guardar as ideias na cabeça, mas não é o meu caso, nem o da grande maioria, então não custa prevenir: anote-as.

Finalmente, com o texto em mãos, o caminho padrão é encaminhá-lo a uma editora (o site de cada uma costuma dar instruções). É importante conhecer as outras publicações de cada editora para saber se seu estilo e tema "combinam" com ela antes de procurá-la. Pode ter certeza de que, se for muito especial mesmo, cedo ou tarde o seu texto será reconhecido - mesmo que seja na quinta ou na sexta tentativa. Isso aconteceu comigo no meu primeiro livro, e aconteceu com J. K. Rowling, a autora do Harry Potter, além de vários outros autores. Porém, há outra coisa de que o autor deve sempre lançar mão: paciência. As respostas costumam demorar muito, o processo é longo, e nem sempre o momento de escrever é delicioso, porque dá muito trabalho, e muitas vezes temos que parar por um tempo para permitir a vinda de novas perspectivas.

Se, ainda assim, você não conseguir a publicação porque sua história não é tão interessante para as outras pessoas, não desanime e continue escrevendo. Você poderá aperfeiçoar seu estilo e sua forma de se comunicar, mas, mais importante que isso, será capaz de se desenvolver como pessoa e de se conhecer melhor. E isso, sim, é muito valioso.

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