sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A escola pública

Na semana passada, visitei duas escolas públicas estaduais: o Guerino Raso e o Blanca Zwicker Simões. São duas escolas bastante distintas, que me deram experiências igualmente ricas e prazerosas. Não tenho palavras pra descrever a emoção desse contato com as crianças e os professores - é absolutamente renovador para mim! A cada visita, eu aprendo mais e mais com todos eles.

Com os professores me atualizo sobre trabalhos lindos que estão sendo feitos com os alunos e sobre as dificuldades do momento no ensino público, o que me faz admirar cada vez mais o trabalho divino que eles, os diretores e os demais funcionários fazem pelas crianças. É muito bom ver pessoas dedicando amor ao próximo, independentemente de fazer parte de um contexto de trabalho. Isso ainda existe! É reenergizante.Com os alunos, eu me conecto com a essência de ser, com o olhar leve para o mundo, com a realidade do momento, lembro-me do modo de pensar como criança, e me encanto com as coisas que elas me dizem. Além disso, elas me inspiram demais: pelo seu comportamento, pelas palavras, e, mais diretamente, pelas sugestões de histórias que dão. É muito legal ver que os meninos continuam gostando de aventuras e as meninas, de princesas. Mesmo que esse universo seja renovado e repensado, criança é criança, e isso não muda com o passar do tempo.

Eu estudei em escola pública. Estadual também. Houve muitas coisas boas e muitas coisas ruins nisso. Das boas, posso destacar que, quando passei da primeira série em colégio particular para a segunda série no estadual, este era muito mais forte que o primeiro. O ensino público AINDA era mais valorizado, como na época dos meus pais e avós. Eu presenciei bem a virada do descaso do governo com os professores e a estrutura escolar e a decadência do ensino. Já estou entrando na parte ruim: na sexta série, por exemplo, passei o ano sem ter aula de história por causa das greves e das CINCO mudanças de professores. E era uma das minhas matérias preferidas, de modo que supri depois o gap lendo um livro emprestado de uma amiga e fazendo cursinho. No colegial, quando passei para o período noturno, porque trabalhava, simplesmente não tinha aulas às sextas-feiras, porque ninguém entrava na escola, e foi marcante (negativamente) para mim um dia em que faltou luz e os alunos resolveram simplesmente jogar as carteiras e detonar a escola. No final, ficamos eu e mais DUAS alunas ajudando os funcionários a recolocar tudo em ordem. Todas as outras saíram rindo.

Mas, acima de tudo, tive professores maravilhosos, amigos incríveis, uma vivência fantástica, e aprendi a ter iniciativa e lutar pelo meu futuro. Ralei muito para fazer um cursinho de três meses e entrar na faculdade, o que consegui um ano depois do previsto, porque na primeira tentativa passei na primeira fase da Fuvest com a nota de corte e, apesar de ter ido bem na segunda, juntando as duas notas caí fora (naquele ano jornalismo estava concorridíssimo: 52 candidatos por vaga). Mas no ano seguinte entrei na Cásper, fiz novos amigos queridíssimos, totalmente um novo mundo, e que fazem parte da minha vida até hoje, e dei continuidade aos meus estudos e interesses até me tornar editora e escritora. Por isso faço questão de voltar às escolas, especialmente públicas, e dizer: se vocês realmente quiserem e se dedicarem, chegarão aonde quiserem!

Há pouco tempo reencontrei muitos amigos da turma da escola (antes, ginásio, atual ensino fundamental II). Eu, que tenho uma certa veia de promoter, e, sem dúvida, com a ajuda da internet e de um amigão, consegui juntar o povo algumas vezes para trocarmos ideias e matar as saudades. Foi uma das melhores coisas que fiz. As pessoas queridas são o que temos de mais valioso na vida. Sem elas, nada faz sentido. Por isso, eu adoro frequentar escolas e renovar a energia nesse ambiente que começa a proporcionar a socialização e a experiência de mundo de todo ser humano. Crianças, aproveitem da melhor forma o seu tempo na escola! Ele vai marcar sua vida para sempre, querendo ou não, então, procurem tirar o melhor de cada dia e ser felizes!

Um comentário:

  1. Lu,
    Para mim foi muito interessante - e surpreendente - ler um relato tão positivo sobre a escola pública no momento atual. Eu sempre estudei numa pública - e as recordações que tenho de lá se parecem muito com as da estadual onde você esteve, infelizmente. Era, com o perdão da palavra, um "foda-se". Não cheguei nem a pegar essa fase lendária na qual a escola pública era mais conceituada que a particular, e olha que somos praticamente da mesma faixa etária - o que quer dizer que as coisas mudaram pra pior rápido demais. :-S
    No entando, o que me chamou a atenção mesmo foi a parte bonita do seu relato, a que fala sobre o que você sente, hoje, quando pisa numa escola pública e ainda se depara com alunos empolgados para aprender e professores realmente dedicados a ensinar.
    Eu sei que teria gostado muito se, no meu tempo, uma escritora tivesse aparecido na minha escola para me dizer: nunca desista. ^ ^
    Beijão...

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