quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O exemplo do Rei - Doenças modernas

Eu gosto de Roberto Carlos por influência do meu pai.
Como a maioria das pessoas da minha geração que o admira. Ele tanto era bom tanto no estilo rapaz descolado da Jovem Guarda como o é como homem maduro e sensível. Várias de suas músicas são realmente lindas, e por alguma razão estranha muitas vezes me pego com lágrimas nos olhos ouvindo ele cantar ou escutando algo que ele diz.
Mas este artigo pretende abordar outro aspecto do Rei: em entrevista para o Jô Soares na semana passada, ele abordou (que eu saiba, pela primeira vez) o assunto de suas "manias" como sendo TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). E o fez com uma delicadeza incrível.

A meu ver, o que esse fato teve de especial foi mostrar claramente a mudança de mentalidade das pessoas em decorrência dos avanços científicos da psiquiatria nos últimos 60 anos. Quando Roberto ficou famoso, os rumores sobre as "manias" dele foram tomando espaço como lendas curiosas e ligeiramente engraçadas, mas hoje em dia ele teve acesso à informação, por intermédio do filho, de que o que ele tinha não era superstição, e sim o que se poderia classificar como uma doença, na qual a pessoa tem algumas atitudes aparentemente ilógicas e repetitivas (para resumir ao máximo), como entrar pela mesma porta que saiu, fazer tudo duas vezes, etc.

Eu comentei no artigo anterior que já tive algumas crises de síndrome do pânico. Também já tive depressão. Conheço pessoas, família e amigos, que já tiveram ou têm esses e outros problemas (ou o que se chama de "doenças modernas"). A grande questão é que, antigamente, a pressão para a pessoa ser "perfeita" era imensa, e as falhas deviam ser ocultadas e disfarçadas. Hoje, ainda resta muuuuito desse comportamento, mas aos poucos as pessoas estão percebendo que é muito mais saudável, leve e natural não fazer desses problemas um problema, e sim encarar com tranquilidade, e sem deixar de buscar ajuda, se for o caso.

Ser diferente não é mais ruim. E quando percebemos que somos diferentes, descobrimos que há muitos outros diferentes como nós!

O ritmo de vida que levamos é intenso demais, tanto para adultos como para crianças, de modo que estamos começando, sim, a sofrer algumas consequências da velocidade da Era Tecnológica. Eu tenho uma teoria de que estamos "espremendo" o cérebro de forma desequilibrada neste século XXI, considerando que, antes dos anos 1990, realizávamos tudo manualmente, e, após a chegada dos PCs, passamos a produzir, no mesmo período de tempo (ou em maior), absurdamente muito mais, num ritmo nunca atingido na história da humanidade, provocando no nosso cérebro uma sobrecarga cujas consequências ainda conheceremos nos próximos 50 anos.

Algumas das mais evidentes são essas doenças modernas - TOC, síndrome do pânico, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), depressão, bipolaridade, ansiedade (patológica), até mesmo abuso de álcool e outras drogas, etc. -, que, em muitos casos, são provocadas ou acentuadas pelo desgaste emocional, que inibe a produção de serotonina (a substância neurotransmissora responsável pelo bem-estar), de modo que é necessária a prescrição de um medicamento que estimule o corpo por um tempo a voltar a produzi-la (caso dos antidepressivos e dos ansiolíticos). Estabilizadores de humor também são importantes para as pessoas que, pressionadas, sentem-se mais agressivas e irritadiças.

Por isso, meu conselho é: busque qualidade de vida; valorize as coisas simples; dedique-se às pessoas que são importantes a você; faça pausas no trabalho ao longo do dia; equilibre o esforço mental com esforço físico. E procure um psiquiatra se você sente que as coisas não estão legais - ele nada mais é do que um médico que trabalha com a regularização do funcionamento do seu organismo -, além de um terapeuta recomendado, caso você sinta que seus problemas estão muito pesados e complicados de resolver. E seja feliz! Afinal, hoje em dia até um Rei é considerado igual a você!

Um comentário:

  1. Taí um exemplo a ser seguido. Obrigada por partilhar essas informações, Lu. :-)

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